segunda-feira, 29 de agosto de 2011

EXPLORINTER











otos: Marcio de Almeida Bueno

Grupos se posicionaram junto à entrada principal da Expointer

Uma prova de resistência física. Sob calor de 30 graus, Sol forte e sensação térmica ampliada pelo asfalto, as ONGs Projeto Pró-Animal, de São Leopoldo, e Vanguarda Abolicionista, de Porto Alegre, estiveram realizando mais um protesto em frente à Expointer, em Esteio. Das 9h até o final da tarde de domingo, 4 de setembro, ativistas estiveram levando a mensagem da libertação animal a um público de 82 mil pessoas, segundo números oficiais.



Ativista panfleteia junto ao brete humano instalado pela organização da feira

A multidão era tamanha que, por mais de uma vez, a Polícia Rodoviária Federal gentilmente solicitou que os manifestantes trocassem o ponto de base da ação, para facilitar o fluxo de pessoas. A fila para entrada na 34ª Exposição Internacional de Animais, Máquinas, Implementos e Produtos Agropecuários - uma das maiores do mundo, ia quase até a estação do metrô.


Detalhe para a faca na cintura do ruralista trajado a rigor

A Pró-Animal levou um banner sobre abate feito exclusivamente para o evento, reproduzido em milhares de panfletos, enquanto a Vanguarda compareceu com suas faixas e banners coloridos de praxe, além de milhares de panfletos focados na chinchila - o RS é um grande exportador de pele desse animal para a China. Diversos criadores de chinchila estavam expondo na Expointer, e muitas pessoas se sensibilizaram ao ver um animal 'tão fofo' engaiolado à espera da esfola.


A VAL focou na indústria de peles, na qual o RS é líder nacional

Alguns pecuaristas passavam e olhavam com desconfiança ou indignação para os cartazes dos ativistas - especialmente um com com os dizeres 'Sou gaúcho mas sou contra a exploração animal'. Na abordagem, a proposta dos animalistas foi de que então cedessem espaço em suas fazendas para aposentadoria de cavalos retirados da carroça pela ONG Chicote Nunca Mais, parceira dos manifestantes. Todos acolheram bem a idéia de dar uma oportunidade de descanso vitalício a eqüinos cegos, aleijados ou idosos, e prometeram entrar em contato posterior.

Fotos: Fernando Schell Pereira

A despeito do antagonismo de idéias, gaúcho tradicionalista interessou-se em adotar um cavalo e um cachorro para deixar em sua fazenda

Um adolescente aproximou-se dos ativistas para contar que era vegetariano, assim como o pai, criador de ovelhas que deixou de comer carne. "Ele não mata mais, e nem vende as ovelhas, para outros não matarem", contou o jovem, que pegou diversos impressos para mostrar à família. Ao final da tarde, exaustos e com todos os panfletos distribuídos, ambos os grupos encerram a ação, considerada plena de validade e êxito.


Sobre o asfalto ardente, carroças também estiveram circulando pela Expointer

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Desmatamento desastre anunciado




DESMATAMENTO Crônica do desastre anunciado

Luciano Martins Costa

O jornal O Estado de S.Paulo divulgou na sexta-feira [15/7] estudo do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia, Imazon, revelando que a taxa anual de desmatamento deve aumentar 10,5% de agosto deste ano até julho de 2012 em relação ao índice observado no período entre 2009 e 2010.

A previsão é feita com base num modelo computacional que analisa o padrão do desmatamento ocorrido no passado e considera elementos facilitadores da ação dos predadores, como a proximidade de rios navegáveis, estradas e clareiras das áreas mais visadas.

Segundo esse estudo, nada menos do que 7.134 km2 de florestas poderão desaparecer nos doze meses a partir de agosto. A maior parte desse território se encontra no estado do Pará, mais precisamente nos municípios de Pacajá, Altamira e São Félix do Xingu.

Nesse triângulo, localizado na região central do estado e conhecido como Terra do Meio, a expansão das manchas de desflorestamento é estimulada pelas condições favoráveis à retirada da madeira e pela natureza do terreno, com declives. Cerca de 65% do desmatamento ocorre em fazenda particulares e 24% em assentamentos.

A Terra do Meio é uma região de floresta tropical amazônica cuja preservação tem sido objeto de disputa entre os órgãos ambientais e organizações do agronegócio. Em 2005, o governo criou uma estação ecológica entre São Félix e Altamira, que os fazendeiros tentaram impedir por meio de uma ação legal.

No começo de 2010, o Supremo Tribunal Federal negou, por unanimidade, o pedido de anulação do decreto que criava a área de preservação.

No texto do processo pode-se observar que um dos argumentos utilizados pelos fazendeiros é exatamente igual ao que ilustra o relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB) em sua proposta para flexibilizar o Código Florestal: a tese de que a criação de reservas e outras áreas de proteção é fundamentada em interesses de entidades “que ambicionam internacionalizar a Amazônia”.

Por trás dos desmatadores há uma curiosa mistura de capitalismo predador nacionalista com a obsessão anticapitalista de uma esquerda que vê a mão do imperialismo por trás de organizações não governamentais dedicadas à preservação do patrimônio ambiental.

Mas o verdadeiro inimigo do interesse nacional é muito brasileiro, tem endereço fixo e uma representação muito ativa em Brasília.

A teoria da invasão americana

A Terra do Meio costuma ser citada pelos adeptos da teoria conspiratória adotada por Rebelo como local onde vagueiam misteriosos agentes do imperialismo americano. Mas a ameaça à floresta não se limita a essa região, lugar de históricos conflitos ligados à ocupação da terra.

O estudo do Imazon mostra que também ao longo da Transamazônica (BR-230) e da rodovia Cuiabá-Santarém (BR-163) crescem exponencialmente as áreas potenciais de desmatamento, com previsão de grandes perdas nos próximos doze meses.

A nova ferramenta de monitoramento permite identificar pontos futuros de concentração das motosserras, mas a defesa efetiva da floresta não se dá apenas no local, com a intensificação e melhor direcionamento da fiscalização.

Uma das trincheiras mais importantes da preservação do patrimônio ambiental é a opinião pública, e nesse sentido joga papel relevante a atitude da imprensa.

Com a farta disponibilidade de documentos e estudos sobre a urgência ambiental do planeta, divulgados a partir de fevereiro de 2007 com o relatório do IPCC – Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas –, houve grande conscientização dos jornalistas sobre o valor da Floresta Amazônica. A evolução do conhecimento e da preocupação da imprensa brasileira com relação ao meio ambiente vem sendo constatada há uma década por meio de pesquisas de iniciativa do Instituto Ethos.

No entanto, falta uma ação coordenada que mostre à sociedade a necessidade de um projeto de desenvolvimento sustentável para a Amazônia e outras regiões sob risco. O tema andou frequentando o noticiário durante a campanha eleitoral de 2010, principalmente por conta da candidatura da senadora Marina Silva a presidente da República.

Mas depois das eleições o assunto passou a depender de eventos isolados, como os conflitos nas obras de usinas hidrelétricas, e foi insuflado no noticiário pelas declarações do deputado Aldo Rebelo, que apenas popularizam teorias conspiratórias antinacionalistas e não esclarecem a opinião pública.

A defesa da Amazônia é questão de soberania nacional, mas não contra supostos inimigos externos. Colocar em debate os projetos de desenvolvimento sustentável para aquela região do país é a melhor alternativa para esclarecer a sociedade, e essa é uma tarefa para a imprensa.


Até a VEJA, na sala de aula, em 2005 já fala do desastre anunciado....

O CERRADO também CHORA!!!!!!

http://veja.abril.com.br/saladeaula/121005/p_04.html


Edição 1926, 12 de outubro de 2005

Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias – Matemática

Calcule com a classe os números
da devastação amazônica...

...e converta esses dados em slogans de uma campanha contra o desmatamento

Ana Catarina
Motosserra cortando árvore no Pará: arma proibida, mas crescentemente utilizada para o desmatamento na Amazônia


Caderno Especial Amazônia, págs. 102 a 118 de VEJA

Duas aulas de 50 minutos


Índices de devastação da Amazônia


Relacionar informações e conhecimentos disponíveis em situações concretas para construir argumentação consistente


Usar os recursos da Matemática para dimensionar a proporção do impacto ambiental na Amazônia

Respire fundo. Ao exalar o último centímetro cúbico de ar, cerca de 1 metro cúbico de árvore terá sido derrubado na Amazônia. Estatísticas desse tipo, capazes de reproduzir a dramática realidade do desflorestamento na região, vão ajudar a turma a ter uma dimensão correta desse impacto. Elas estão nas reportagens de VEJA ou podem ser derivadas dos dados ali fornecidos. Queimadas, ação das madeireiras, abertura de estradas, extração mineral, criação de gado, corrupção e burocracia são os fatores principais que vêm transformando progressivamente a paisagem local. São as sete pragas, uma alusão à passagem bíblica ocorrida no Egito. Pragas que, podemos dizer, compõem algo semelhante a uma cadeia alimentar, uma nutrindo a outra ou fertilizando o terreno para que as demais se desenvolvam. Nenhuma das medidas tomadas pelas autoridades governamentais tem obtido êxito digno de registro, até porque a própria fiscalização é um elemento introdutor de desequilíbrio e novas devastações. O que fazer para reduzir os índices de degradação? Para quem está distante, restam apenas os recursos da conscientização e do grito, para quebrar ou enfraquecer pelo menos um dos elos da corrente, na esperança de que o sistema todo acabe ruindo. Convoque os estudantes para esse trabalho que começa com a análise dos números da destruição florestal.

Para começo de conversa

Após a leitura do texto, divida a moçada em sete grupos, um para cada praga ali indicada. Encarregue as equipes de registrar os dados relevantes para a elaboração de um amplo programa de conscientização da população. Esses números devem traduzir a situação real da Amazônia e servirão de base para a criação de slogans da campanha, como: “A cada hora, uma árvore de grande porte é abatida”. Ensine que na realização das atividades será necessário muitas vezes, para facilitar os cálculos, trabalhar com potências de 10, além de converter unidades de medida, comparar ordens de grandeza, construir gráficos e examinar a variação de valores. Conte que a habilidade para realizar tais cálculos é uma ferramenta importante, pois leva à compreensão da gravidade desse e de outros problemas que afetam o ambiente.

João Ramif
Clareira: a cada 4 segundos, 1 metro cúbico de madeira é tombado por uma das sete pragas

Para debater

Apresente o quadro da evolução do desmatamento na Amazônia e convide a classe a participar de um debate em torno dos valores ali registrados nos diversos períodos. Chame a atenção para o crescimento acentuado após 2002. Como explicar esse aumento? Após ouvir as sugestões, esclareça que a atividade madeireira, nesse caso, foi uma resposta à ampliação das atividades econômicas, especialmente a da indústria da construção.

Depois, realce que uma das medidas ao alcance da população para inibir o desmatamento está na comercialização. Não comprar mogno, por exemplo, poderia ser uma das atitudes recomendáveis. Mas teria efeito? O caso do palmito serve de paradigma: todo mundo sabe que, para obtê-lo, os exploradores clandestinos matam a planta. Mas ninguém deixa de comprá-lo nas estradas. Acrescente-se a isso o fato de que a maior parte dessa árvore vai para o comércio internacional, o que exige a ação de organizações não-governamentais internacionais. Oriente os alunos a pesquisar a eficácia da ação da ONG Greenpeace nessa questão.

Exercícios e outras atividades

Incentive os jovens a construir gráficos e tabelas relativos à derrubada da floresta, contendo dados diversos que sintetizem a evolução das pragas citadas na reportagem ao longo dos anos. Recursos como esses servem como referência para comparações nos anos seguintes, permitindo um acompanhamento da ação humana no ambiente amazônico.

O relógio da devastação apresentado na página ao lado pode se converter num bom instrumento para a turma criar os slogans que causem impacto e que, num trabalho mais amplo, encabecem cartazes da campanha de conscientização. Desafie a garotada a encontrar os valores indicados no mostrador, salientando que muitos deles podem ser obtidos pela conversão dos dados das reportagens enquanto outros exigem uma pesquisa posterior, como a área da cidade de São Paulo e da Bélgica. É possível calcular o total desmatado em quilômetros quadrados para daí determinar o tempo médio de desflorestamento em 1 minuto. Incentive a a busca de outros parâmetros para complementar o relógio, com base no aparecimento de novos garimpos e estradas, nas perdas por corrupção etc.


Plano elaborado pela equipe de VEJA NA SALA DE AULA




terça-feira, 23 de agosto de 2011

Veneno na Mesa Silvio Tendler







Goiás 2,5 milhões ha de soja p China



O Cerrado é milagre,
como toda a vida
(é também pedaço do Planeta que desaparece)
abraço meu irmão pequizeiro.
ando de mãos dadas
com a minha irmã sucupira
meu pai jatobá sorri.
mãe peroba não diz nada,
apenas sente.
minhas amigas abelhas
são filhas das flores.

agora prepare seu coração:
correntão vai passar e levar tudo:
ninho de passarinho rasteiro também.
depois do correntão
brotou o que tinha que brotas,
mas já era tarde.
faca fina cortou raiz pela raiz
aí não brotou mais nada
aliás, brotou coisa melhor:
soja, verdinha,verdinha,verdinha,
que beleza, diziam

olhe bem os cerrados
da próxima vez
rastejar por entre cupins
e capins
e sentir o cheiro do anoitecer

antes de terminar pergunto:
quem vai pagar a conta
de tanta destruição?
"tudo bem, daqui a 100 anos estaremos todos mortos"
disse alguém.
certo, estaremos todos mortos.
mas nossos netos não.
o cerrado é milagre
minha gente!

Nicholas Behr


Flora do Cerrado

Buriti, ingá, quaresmeira, cagaita, guariroba, pequi, mama-cadela, paineira, angico, jatobá, canela de ema, ipê. Estas são apenas algumas das mais conhecidas plantas nativas do Cerrado. Mas a região é pródiga. No Cerrado, existem mais de 10 mil espécies vegetais identificadas pelos cientistas.

Cerca de 4.400 dessas espécies são endêmicas, ou seja, só existem nesta região. Muitas delas servem como base para a alimentação humana, entre elas, o pequi, o baru, a cagaita, o jatobá e tantas outras, e medicamentos, como o velame, a lobeira, a calunga, o barbatimão e uma infinidade de plantas usadas ancestralmente pelas populações do Cerrado.

O conhecimento dessas comunidades associado ao uso e à aplicação das plantas medicinais do Cerrado também se constitui em um patrimônio cultural de grande importância.

Além da utilidade, a vegetação do Cerrado também é de grande beleza. A imagem de um ipê amarelo florido no período da seca é de rara beleza. É uma explosão de cor que fascina mesmo quem já está habituado a ver essas magníficas árvores no auge da florescência no período da seca. Há outras árvores de rara beleza, como as barrigudas – que lembram os baobás da savana africana -, as quaresmeiras e as diversas palmeiras que embelezam a região e a fazem um dos mais belos cartões postais do Brasil.

O Cerrado também oferece grande variedade de cactos, bromélias e orquídeas. As palmeiras também são abundantes no bioma. Babaçu, brejaúba, buriti, guariroba, jussara e macaúba são as conhecidas. Todas carregam nomes indígenas e têm grande valor na vida das comunidades rurais e tradicionais do Cerrado.

http://www.ispn.org.br/o-cerrado/biodiversidade/flora-do-cerrado/


quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Produtividade e Sustentabilidade devem andar JUNTAS





Produtividade e sustentabilidade devem caminhar juntos
Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR
26/07/2011 20h08 Meio AmbienteImprimir


Mestre em Gestão e Políticas Ambientais pelo Programa de pós-graduação em Meio Ambiente da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), cientista jurídico com foco em legislação e educação ambiental, escritor e articulador de redes socioculturais, o educador ambiental Thomas Enlazador, 35, faz um alerta para as empresas e os governos brasileiros: é preciso ter cuidado para não exercerem apenas o chamado “branqueamento ecológico”. O termo define um procedimento de marketing cujo objetivo é dar à opinião pública uma imagem ecologicamente responsável dos seus serviços ou produtos. S


egundo Thomas, já existem soluções para sistemas eficientes de Gestão Ambiental e Tecnológica que aliam produtividade à sustentabilidade. Nesta entrevista, o ambientalista detalha como andam as relações entre a humanidade e a natureza e o que ainda pode ser feito.

Quais as principais mudanças que ocorreram no mundo após a publicação do relatório Nosso Futuro Comum, das Nações Unidas (ONU), trazendo à tona o tema desenvolvimento sustentável?
Principalmente, a aceleração do modelo desenvolvimentista e a integração das fronteiras econômicas externalizadoras dos custos ambientais. No relatório Brundtlan, documento intitulado Nosso Futuro Comum, de 1987, o desenvolvimento sustentável é concebido como o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades. O que isso, à luz daquela época, quis dizer? Cinco anos depois, em 1992, no Rio de Janeiro, representantes de quase todos os países do mundo reuniram-se para decidir que medidas tomariam para conseguir diminuir a degradação ambiental e garantir a existência de outras gerações. A intenção, nesse encontro, era reapresentar o que foi tirado em 1987, ou seja, o conceito de desenvolvimento sustentável. Os conceitos, tratados internacionais, legislações e a própria comunidade global evoluíram muito nos últimos anos. Os marcos mais importantes da Eco92, que ainda pelejam para serem implementados são os seguintes documentos oficiais: Carta da Terra; Convenção da Biodiversidade, Convenção da Desertificação e Tratado Internacional sobre Mudanças Climáticas (hoje o Protocolo de Quioto). Foi tirada também uma importante ferramenta para a sociedade civil, a Agenda 21. Vinte anos depois, estamos às vésperas da Rio 20, também no Rio de Janeiro. Dois temas serão a base das discussões no ano que vem: economia verde (nova roupagem para o desenvolvimento sustentável) e governança global. Precisamos marcar presença e encarar esse processo como um marco para uma nova co-criação de conceitos e tratados. Será a maior reunião que o planeta já presenciou, mostrando a força da questão ambiental. Pernambuco, nesse sentido está saindo na dianteira, criando um comitê para a Rio 20, que será lançado no próximo dia 2, na livraria Cultura, no Recife. Precisamos de todos os setores ativos, propondo, construindo e questionando essas mudanças.

Como as empresas brasileiras, em especial as pernambucanas, têm colaborado com o desenvolvimento sustentável nos últimos anos?
Constantemente sou consultado para indicar empresas que sirvam de modelo em Pernambuco. Fico perplexo em constatar que as ações ainda são pífias e fragmentadas. Temos empresas que reciclam resíduos de construção, que tratam dos seus afluentes, que recuperam áreas degradadas por elas mesmas, mas se é isso o que chamamos de des(envolvimento) sustentável, então temos muitas iniciativas. Como ambientalista e cientista político ambiental, não corroboro mais com esse modelo de desenvolvimento. A maior parte das ações é branqueamento ecológico (greenwashing, em inglês), que é um termo utilizado para designar um procedimento de marketing utilizado por uma organização com o objetivo de dar à opinião pública uma imagem ecologicamente responsável dos seus serviços ou produtos, ou mesmo da própria organização. Acredito na cultura da sustentabilidade, onde o custo da produção e consumo é internalizado e todo o sistema de produção é alicerçado no compromisso de cidadãos e cidadãs (que comandam empresas) com ações efetivas na melhoria da qualidade de vida individual e planetária. O horizonte é ainda utópico, mas é um caminho que deveria ser trilhado por todas as empresas.

Faz sentido afirmar que aliar produção e sustentabilidade ambiental é tarefa cara para o setor produtivo? Por quê?
Não. Preço é diferente de valor. O sistema social de produção capitalista é por essência insustentável. É preciso mudar a forma de produção e consumo. Investir em tecnologias ambientais é uma ação concreta que rende frutos no médio prazo. O imediatismo pelo lucro vem dilapidando nosso patrimônio natural, e hoje, em pleno século XXI, já existem inúmeras soluções para sistemas eficientes de Gestão Ambiental e Tecnológica que aliam produtividade à sustentabilidade. Um setor produtivo não deveria encarar a sustentabilidade como perfumaria. Em muitos países, para uma empresa se instalar ela precisa cumprir exigências rigorosas para obter licenciamentos prévios e se adequar às normas ambientais. No Brasil, as empresas se instalam, poluem, degradam, são multadas (em alguns casos), recorrem juridicamente e protelam sua obrigação de desenvolver um sistema de produção limpo e sustentável. Empresas obsoletas (que não se adequam à legislação ambiental) deveriam ser severamente punidas, e o próprio Estado deveria fazer essa lição de casa. Isso não tem acontecido. Empresas se instalam justamente em municípios e estados que flexibilizam essas normas. É a antítese da sustentabilidade.

Quais as alternativas mais eficazes para se conquistar novos adeptos do setor produtivo à questão da sustentabilidade?
Ações que dêem visibilidade, transparência, isenções de impostos em iniciativas sustentáveis e certificações. As empresas não são vilãs. Não é uma questão do bem contra o mal. Elas existem devido a uma demanda pelo consumo dos seus bens e serviços. O setor produtivo só irá despertar quando o consumidor deixar de ser um mero espectador e passar a atuar como um cidadão político que, no ato da compra, elege uma empresa e os valores que ela carrega. Não os valores vendidos pelas agências de marketing, mas os valores reais no papel social, ambiental e cultural que ela carrega. As empresas precisam despertar para novas tecnologias, novos produtos, adotar uma linha de sustentabilidade nos seus produtos e serviços. Existe mercado para isso. É crescente, crítico e lucrativo. Isso mostra a elasticidade do capitalismo, que consegue se apropriar de conceitos que lhe são opostos e os transforma em mais um motivo para alimentá-lo, como é o caso de muitos produtos ditos ecológicos. Quem não se adequar, ficará para trás.

É correto afirmar que, guardando as devidas proporções, o cidadão comum e o setor produtivo são igualmente responsáveis pela preservação dos recursos naturais?
No Brasil, a situação causada pela política desenvolvimentista é alarmante. Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), anunciados em março de 2010, o Brasil reduziu a área líquida desmatada em 20 anos, mas continua líder no ranking, seguido por Austrália e Indonésia. Aproximadamente quatro milhões de hectares são perdidos anualmente na região da América do Sul. Há três fatores decisivos para o desflorestamento no Brasil, todos intrinsecamente ligados a um modo de consumo insustentável: extração de madeira, pecuária extensiva e o cultivo da soja. Quem estimula isso? O cidadão comum e o setor produtivo? Sim e não. A demanda no padrão de consumo cresce (pelo consumidor) e a produção (setor produtivo) é aquecida por esse crescimento. Consumidores consomem-dores? Tens claro o que estás consumindo? Essa indagação é relevante, ampla e não se reduz à simplicidade da composição de um produto: se nele está contido determinado ingrediente ativo, se é transgênico, orgânico ou tem algum componente misterioso. Ao consumir um produto, o indivíduo está consumindo e financiando também valores que foram vendidos pela empresa que o fabrica. As principais transnacionais do gênero alimentício dominam o cenário global e se especializam em novas tecnologias para seduzir o consumidor e ampliar os mercados, em destaque o mercado dos países emergentes. Porém, há práticas dessas empresas que nem sempre são conhecidas por quem as consome. Somos, sim, responsáveis, mas não podemos deixar de apontar o papel fiscalizador do Estado - que não vem exercendo - para a mudança deste quadro.

Que responsabilidades cabem a cada um - empresas, governo e sociedade civil - e o que ainda precisa ser feito?
Acredito e reforço a mudança nos hábitos de consumo de todos os setores. Tudo passa por escolhas. O consumo é um ato de escolha e essa escolha tem reflexos ambientais e sociais, e é também através dele que se definem as alternativas para um futuro sustentável. O cidadão consumidor é um ator político que utiliza suas escolhas para intervir conscientemente na realidade social e ambiental que o cerca. Os governos e empresas são compostos por indivíduos. Precisamos confrontar nossos pares e questionar suas escolhas, apontando alternativas coerentes para a construção de uma sociedade ecológica. Não há decisões sobre compras que não impliquem em uma decisão moral, e não há, de fato, nenhuma comercialização que não tenha, em última instância, uma natureza moral. Muito ainda precisa ser feito. Adotar os sete Rs já é um bom começo: recusar, reduzir, reutilizar, reciclar, repensar, resignificar e radicalizar, dar sentido a algo que vem da raiz.

Quais as principais dificuldades para se chegar à conscientização da sociedade a respeito de suas obrigações para com o meio ambiente?
Não existem dificuldades principais. O sistema joga contra a conscientização. Em 2009, finalizei uma ampla pesquisa de mestrado sobre consumidores no Recife e pude notar que, mesmo aqueles que supostamente eram mais adeptos a práticas sustentáveis, ainda deixavam muito a desejar em ações mínimas no âmbito da sustentabilidade. Vivemos em Pernambuco uma doença sociocultural que intitulei de Bregalização do Meio Ambiente. As relações se tornaram superficiais, banalizou-se o sexo, a sujeira nas ruas é constante, a música chula que remete à vulgaridade do ser humano, o descartável, o imediato, o mais barato e, por conseqüência, o total descaso com o entorno em que vivemos. É a troca de chip que precisamos fazer. O chip da humanização do ser humano em harmonia com o meio ambiente. Nossas práticas deveriam ser sustentáveis. Práticas que impregnam o cotidiano, que fazem com que as ações diárias possam, mesmo que gradativamente, causar mudanças efetivas. Ações simples que educam, mobilizam e trazem a responsabilidade para si. Uma mudança de hábitos na hora de comprar um alimento, exigindo que não esteja sujo e contaminado com veneno, agrotóxico; no ato de ir ao supermercado e optar por empresas sem passivos ambientais e sociais; no boicote à carne bovina pelas graves consequências do desmatamento, do aquecimento global e pela forma cruel como são tratados e abatidos esses animais; na utilização de embalagens retornáveis, na sacola e na caneca que substituem a cultura do descartável, enfim, caminha-se por um universo repleto de possibilidades para a entrada em um novo momento planetário, onde o consumo, integrado com a sustentabilidade, solidariedade e paz, pode fazer uma diferença enorme. Publiquei o Almanaque de Práticas Sustentáveis com mais de 200 práticas, que pode ser baixado livremente pela Internet no endereço http://www.iteia.org.br/textos/almanaque-de-praticas-sustentaveis.

Quais os principais acertos dos governos na busca pela garantia da sustentabilidade?
No âmbito federal, tínhamos mais comprometimento quando a ministra Marina Silva estava com um pouco de força política, tentando brecar o trator desenvolvimentista que em 2013 faz 10 anos que depaupera o Brasil. Conseguimos frear substancialmente o desmatamento na Amazônia, realizamos uma capilarização de Agendas 21 pelo país, criamos as Conferências Nacionais de Educação Ambiental, a bancada ambientalista no Congresso era mais forte e o Ibama ainda não tinha sido rachado. Um ponto positivo foi a força da política externa iniciada no Governo Lula, que deixou o Brasil em pé de igualdade com as grandes potências econômicas, podendo influenciar em tratados internacionais como o Protocolo de Quioto, que findará sem grandes avanços em 2012.

Como anda o Brasil nas discussões sobre o tema sustentabilidade, comparando-se com as discussões em países da Europa e dos Estados Unidos?
Em matéria de tecnologias ambientais limpas, estamos engatinhando. É complexo comparar, pois temos biomas distintos e um histórico colonizatório que explica um pouco onde estamos. O Brasil, durante a Conferência de Estocolmo (1972), passou vergonha convidando as indústrias poluentes para se instalarem no país. Não estamos mais nesse patamar. Vamos sediar em junho de 2012 a RIO 20, a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável e Justiça Social, além da Cúpula dos Povos, organizado pela sociedade civil. A previsão é que mais de 300 mil pessoas estejam no Rio de Janeiro para discutir o futuro do planeta. Que exemplo o Brasil está dando aprovando a instalação de novas termelétricas com base em combustíveis fósseis, inundando áreas intocadas e comunidades indígenas amazônicas com a hidrelétrica de Belo Monte (PA), aprovando em ampla maioria o novo Código Florestal que flexibiliza a legislação, beneficiando monoculturas e anistiando grandes latifundiários? O Governo Dilma Rousseff é desenvolvimentista, está atrasado neste sentido. O Brasil precisa se desenvolver, mas não com base em políticas que sobrepujam o meio ambiente em prol do fator econômico. Nossa maior riqueza é a biodiversidade, os recursos hídricos abundantes, flora e fauna. Nossas políticas zelam por isso? São 71 hidrelétricas previstas para os próximos 20 anos. Quantos parques solares e eólicos temos pautado? Construir hidrelétricas envolve muitos interesses econômicos de grandes empreiteiras, que dão a tônica nesse tipo de decisão. A energia limpa é um paradigma a ser implementado no Brasil. A sociedade civil se organiza precariamente e tem tido pouca força para desmantelar a estratégia ruralista. A academia precisa sair do muro e os governos tidos como progressistas precisam encarar a sustentabilidade no âmbito ambiental, social e econômico.

E como andam essas discussões em Pernambuco?
Tem avançado. O Governo do Estado acaba de criar a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), capitaneada por Sérgio Xavier, uma pessoa séria e comprometida. Pernambuco tem um passivo ambiental enorme e precisa rever urgente seu modelo de crescimento. Praticamente não temos aterros sanitários. Os lixões continuam contaminando o solo e Recife está exportando seu lixo para cidades vizinhas. A coleta seletiva é precária e as políticas de incentivo às cooperativas de catadores e zonas de triagem são tímidas. Sem investir em educação ambiental crítica e emancipatória, não sairemos do lugar. Educação é a base de tudo e o fortalecimento da Política Nacional de Educação Ambiental deve ser prioridade em todas as esferas governamentais. Muito tem se falado da Copa Verde. Até agora não vi nenhum projeto de sustentabilidade para a Cidade da Copa. Os impactos com o desflorestamento da Mata Atlântica precisam ser compensados e deveria ser pensado em um modelo de cidade criativa e sustentável para a Copa. Suape poderia ser um exemplo de porto e adotar uma gestão socioambiental integrada. Essas iniciativas deveriam ser incentivadas com adoção de impostos verdes e a adoção de ISOs (a ISO aprova normas internacionais em todos os campos técnicos), como o 14000 (adequação da gestão ambiental) e o recém criado 26000, que discute a responsabilidade socioambiental empresarial. Na prática, não vemos isso. Só promessas vagas. Tem-se ventilado uma termonuclear para o estado. Esse seria nosso grande atestado de burrice crônica. Pernambuco é um dos estados com maior incidência solar do planeta. Tem fundamento esse tipo de interesse pairar por aqui? Precisamos escandalosamente bradar contra os caciques que nos empurram soluções unilaterais como essa. O governador Eduardo Campos sancionou importantes leis e políticas públicas ambientais. A Lei 14.090/2010 (que Institui a Política Estadual de Enfrentamento às Mudanças Climáticas de Pernambuco) e a Lei 14.091/2010 (que Institui a Política Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca). Como enfrentaremos o avanço do nível do mar e as consequências já visíveis do aquecimento e mudanças climáticas? O caos que se instala na Região Metropolitana demonstra o quão estamos despreparados. Se as leis aprovadas forem aplicadas teremos avanços significativos para o estado e, quiçá, revertemos o quadro. Um ponto que merece destaque em Pernambuco é o crescente incentivo aos produtos orgânicos, agroecológicos. Comprar produtos sem agrotóxicos no estado não é artigo de luxo. Temos cerca de 20 feiras no Recife e mais de 200 pontos de comercialização no estado com preços, muitas vezes, mais baratos do que os produtos com agrotóxicos vendidos nos grandes hipermercados.



















quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Sem Cancer com VEGETAIS


Apesar de estar ÓBVIO que a alimentação focada no MUNDO VEGETAL protege, cura, é sócioambientalmente adequada, mantem as florestas em pé e as águas limpas (na medida em que se tenha uma agricultura orgânica), O IMPÉRIO mantem os subsídios à alimentação focada em animais e seus "produtos"....
Enquanto isso, GOIÁS aposta firme em "negócio da CHINA":
pretende expandir a produção de SOJA nas regiões N e Ne do Estado com o objetivo de produzir 7 milhões de toneladas em 5 anos em uma área de 2,5 MILHÕES DE HECTARES para negociar com os chineses.
Chamam isso de SEGURANÇA ALIMENTAR....
O informe está na pg 11 da revista CAMPO da FAEG (Federação da Agricultura do Estado de Goiás)/maio de 2011.
Em junho houve o Congresso da Carne bancado até pela Monsanto e nestes dias a Bienal da Agricultura.....
O mote do Congresso é CARNE DE QUALIDADE PARA TODOS OS POVOS...
Por isso volto ao tema:
BBB - Bife Barato Brasileiro: MATA (cancer e doenças crônico-degenerativas, morte animal)
desMATA (+ pasto, menos árvores, + calor, + fezes, + venenos, ++
e ENGORDA.....
Além de outras barbaridades!!!!!


Aqui o link para o RESUMO do Relatório
ALIMENTOS, ATIVIDADE FÍSICA e PREVENÇÃO DE CANCER: uma perspectiva global.
do WORLD CANCER RESEARCH FUND

No Brasil: INCA Instituto Nacional de Cancer

Se o link para texto em PDF não estiver visível, fique calmo (a)
Ele está aqui abaixo:

Nesse relatório, feito por experts mundiais, a RECOMENDAÇÃO 4, na página 9, nos diz:
CONSUMA PRINCIPALMENTE ALIMENTOS DE ORIGEM VEGETAL!!!!!