domingo, 14 de outubro de 2012

Frutas do Cerrado...fonte Central do Cerrado



Artigos publicados em 'Frutos do Cerrado'

09.04.08

Pequi – Caryocar brasiliense Camb.

por admin

Nomes populares: pequi, piqui, grão-de-cavalo, amêndoa-de-espinho, piquiá-bravo, pequiá, pequiá-pedra, pequerim, suari e piquiá. Nome científico: Caryocar brasiliense Camb.

Pequizeiro jovem com frutos
O pequizeiro é uma planta típica do Cerrado, que consiste num bioma de grande variedade de sistemas ecológicos, tipos de solo, clima, relevo e altitude, e com uma vegetação caracterizada por coberturas rasteiras, arbustos, árvores esparsas e tortuosas, de casca grossa, folhas largas e raízes profundas, formando desde paisagens campestres a florestas.
flor_de_pequi.jpg
Com uma vida útil estimada de aproximadamente 50 anos, o pequizeiro atinge até 10 m de altura. Sua fase reprodutiva inicia-se a partir do oitavo ano, com floração ocorrendo normalmente entre os meses de setembro a novembro.
A frutificação acontece de outubro a fevereiro, produzindo frutos por 20 a 40 dias em média, com produção variável podendo chegar a 1000 frutos por pé.
Calendário de Frutificação
calendario-frutificação-pequi
O fruto do pequizeiro apresenta gosto inconfundível tendo seu nome ligado às suas características botânicas, e etimologicamente ligado à língua tupi: py = casca e qui = espinho (Simões, 2005).
Contém normalmente entre 1 a 4 caroços, cientificamente chamados de putâmens. No Norte de Minas Gerais já foram encontrados frutos contendo até 7 caroços.
O caroço é composto por um endocarpo lenhoso com inúmeros espinhos, contendo internamente a semente, ou castanha, e envolto por uma polpa de coloração amarela intensa, carnosa e com alto teor de óleo.
Pequis no péPequi com caroçosAnatomia de um caroço de pequi
Características Físicas do Pequi
Parâmetrosmédia
Peso por fruto (g)76,41
Peso de caroço por fruto (g)30,75
Peso de polpa por fruto (g)7,41
Peso das sementes por fruto (g)22,87
Diâmetro longitudinal (mm)32,17
Diâmetro equatorial (mm)41,16
Rendimento de polpa (%)8,98
Rendimento de caroço (%)28,81
Rendimento em casca (%)61,66
Características Químicas da polpa do Pequi
ParâmetrosQuantidade por porção de 100 g de polpa
Umidade (%)50,61
Proteinas (%)4,97
Gordura (%)21,76
Cinza (%)1,1
Fibra (%)12,61
Carboidratos (%)8,95
Calorias Kcal/100g251,47
Cálcio (mg/100g)0,1
Fósforo (mg/100g)0,1
Sódio (mg/100g)9,17
Vitamina C (mg/100g)103,15
Fonte:
Relatório Institucional – Núcleo de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Minas Gerais, Montes Claros, 2003.
Uma das maiores virtudes do Cerrado brasileiro é a diversidade biológica deste bioma, representado por uma série de espécies vegetais que produzem frutos utilizados na alimentação humana, podendo-se destacar o pequi. Espécies medicinais e outras plantas úteis vêm sendo largamente utilizadas no cotidiano da população local, constituindo uma reserva farmacológica, nutricional e utilitária de riqueza inigualável para os povos das regiões ocupadas pelo Cerrado (Simões, 2005).
Assim como numerosos e exuberantes estames em sua flor, múltiplos são as formas de uso e significado do pequi para esses povos.
Elemento de base da cultura alimentar de várias regiões brasileiras, o fruto do pequi, compõe receitas tradicionais, como o Arroz com Pequi, Galinhada, alguns doces, licores, sorvetes, caracterizando fortemente, junto a outras especiarias, o bouquet de sabores das culinárias regionais aonde ele se encontra.
Popularmente, seu uso fitoterápico é apontado em diversos tratamentos, pelo uso do seu óleo, flores e folhas.
Extrativismo
Ao associar a coleta do pequi a uma atividade produtiva em cadeia, com expansão do consumo além do uso próprio ou familiar, origina-se também um problema de desequilíbrio ecológico, principalmente relacionado ao ciclo de reprodução do pequizeiro e dos ecossistemas circunvizinhos à planta e à área de coleta.
O pequizeiro, gera seus frutos – e conseqüentemente suas sementes – em número suficiente e necessário para que suas características genéticas sejam prospectadas naturalmente em seu meio, e aonde mais essas sementes alcançarem.
A coleta indiscriminada dos frutos, sem controle da quantidade coletada, ou da forma como isso é feito, afeta diretamente a produtividade e a diversidade natural da população de pequizeiros presentes numa certa região, além de prejudicar a relação destas árvores com insetos, animais maiores, plantas, e outras formas de vida que com as quais elas interagem diretamente, causando um desequilíbrio ambiental em maior escala.
Algumas recomendações de boas práticas de coleta do pequi são:
  • Não derrubar o fruto da árvore, muito menos utilizar varas ou qualquer outro instrumento para isso;
  • Coletar somente os frutos caídos naturalmente. Estes, sim, estão no ponto de consumo;
  • Não devastar a cobertura vegetal debaixo e ao redor da planta; existem outros seres em convivência natural com ela, que dependem dessa cobertura;
  • Coletar frutos sadios, e deixar os frutos rachados ou abertos como reserva natural, para reprodução da planta e alimentação animal; se houver somente frutos sadios, deixe assim mesmo uma certa quantidade de reserva. A recompensa futura será muito maior;
  • Somente leve os frutos. Não deixe nada que não pertença ao ambiente, como sacos plásticos não utilizados e outros tipos de lixo.
USO E APROVEITAMENTO AGROINDUSTRIAL DO PEQUI
Não obstante os problemas causados pelo extrativismo descontrolado, o avanço da fronteira agrícola no Cerrado, sob a forma de expansão de grandes lavouras monoculturais, como a soja, e a instalação, sobretudo no cerrado mineiro e baiano, de fazendas de reflorestamento de eucalipto, têm sido, numa escala escandalosamente maior, as principais ameaças ao estoque natural do pequizeiro e a toda a biodiversidade do bioma, sua água, seu solo e os povos que dele sobrevivem.
O aproveitamento do pequi sob a forma de seu processamento agroindustrial tem aberto perspectivas cada vez mais amplas e promissoras de atividade e agregação de renda por parte de agricultores familiares e extrativistas em regiões distintas do cerrado brasileiro, num esforço contínuo de preservação ambiental associado ao uso racional dos recursos naturais, espelhando as lutas contra os efeitos degradantes citados anteriormente.
Organizados por meio de associações, cooperativas e microempresas, eles têm buscado, com o apoio de organizações civis e de governos, aprimorar estruturas de produção, tecnologias e processos de beneficiamento, com um perfil mais apropriado à sua escala de investimentos, disponibilidade de matéria-prima e outros recursos naturais, e com foco na sustentabilidade ambiental.
Dentre processos tradicionais e novas tecnologias e produtos que se encontram em desenvolvimento no país, a tabela a seguir apresenta alguns usos e aproveitamentos possíveis que se podem dar ao pequi:
aproveitamento_pequi
02.04.08

Baru – Dpyteryx alata Vog.

por admin

Nomes populares: Castanha de baru, cumbaru, cumaru, castanha de burro, viagra do cerrado, coco barata, coco feijão. Nome científico: Dipteryx alata Vog

Ocorrência
Ocorrre nas matas e cerrados do Brasil Central, envolvendo terras dos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins, Bahia, Piauí, Maranhão e Distrito Federal.
Aspectos botânicos e ecológicos
barueiro
Leguminosa arbórea da família Fabaceae.
Árvore de grande porte chegando a medir 25 metros de altura, podendo atingir 70 cm de diâmetro com vida útil em torno de 60 anos.
O baru está ameaçado de extinção em função da procura pela madeira e pelo nível de desmatamento do Cerrado.
Ocorre corte indiscriminado do baru para fabricação de carvão vegetal, instalação de cercas (moirões), indústria moveleira, construção civil, entre outros usos.
O baru é encontrado em terras férteis e seus ecossistemas de ocorrência têm sido massivamente desmatado em função do avanço da fronteira agropecuária sobre o Cerrado.
Agroextrativista coletando baru
Crescimento rápido sendo importante para fixação de carbono da atmosfera.
Tem sua primeira frutificação com cerca de 6 anos, sendo este período bastante variado em função das condições de solo e água.
Possui safra intermitente com variações bruscas de intensidade de produção de frutos de um ano para o outro. Para efeitos práticos, relacionado a utilização comercial, produz uma safra boa a cada 2 anos.
Uma árvore adulta produz cerca de 150 kg de fruto por safra boa. Possui apenas uma semente por fruto, do qual pode se aproveitar a polpa, endocarpo e semente (amêndoa).
O tamanho do fruto varia muito de região por região, bem como em função das condições de solo, água e genética da planta. Em média o fruto pesa 25g, sendo 30% polpa, 65% endocarpo lenhoso e 5% semente.
Despolpa do Baru
A polpa do baru constitui importante fonte de alimento para a fauna nativa (pequenos mamíferos, roedores, pássaros, morcego, etc) e para o gado que se alimentam roendo a polpa da fruta na época da safra.
A época da floração e frutificação varia de acordo com a região, sendo que a colheita geralmente é feita após o pico de queda dos frutos maduros.
Calendário de Frutificação
calendario_frutificacao
Galeria de Imagens do Baru
Flor do BaruFrutos do BaruJóias confeccionadas com o Baru
castanha de Baru do CenescBaru quebrado com amêndoa
Aplicações do baru
  • Alimentação humana
  • Alimentação animal
  • Medicina
  • Indústria cosmética
  • Artesanato
  • Combustível
  • Indústria madereira/moveleira
  • Construção civil/rural
  • Adubação natural (leguminosa)
  • Moirão vivo
Produtos e subprodutos do baru e respectivos uso
Parte do frutoProduto/sub-produtoUsos
PolpaPolpa in naturaAlimentação animal
Alimentação humana
Medicinal/farmacêutico
Polpa desidratadaAlimentação animal
Alimentação humana
Medicinal/farmacêutico
FarinhaAlimentação humana
Álcool/CachaçaConsumo humano
Medicinal/farmacêutico
Cosmético
Industrial
ResíduosAgrícola (adubo orgânico)
AmêndoaAmêndoa cruaAlimentação animal
Alimentação humana
Medicinal/farmacêutico
Agrícola (produção mudas)
Amêndoa torrada
Alimentação humana
FarinhaAlimentação humana
LeiteAlimentação humana
ÓleoAlimentação humana
Medicinal/farmacêutico
Cosmético
Industrial
Torta
Alimentação humana
Medicinal/farmacêutico
Cosmético
Industrial
Pasta/manteigaAlimentação humana
Endocarpo lenhosoCarvãoCombustível
Ácido Pirolenhoso e alcatrãoIndustrial
Endocarpo lenhosoArtesanato
Qualidade nutricional da amêndoa
Informações Nutricionais
Componenteg /100g
Proteína23,9
Gorduras totais38,2
Gorduras saturadas7,18
Gorduras insaturadas31,02
Fibras totais13,4
Carboidratos15,8
Tabela de Minerais
Mineraismg/100g
Cálcio140
Potássio827
Fósforo358
Magnésio178
Cobre1,45
Ferro4,24
Manganês4,9
Zinco4,1
Calorias 502 kcal/100g
Fonte:
Takemoto, E. et al. Composição química da semente e do óleo de baru (Dipteryx alata Vog.) nativo do Município de Pirenópolis, Estado de Goiás. Rev. Inst. Adolfo Lutz, 60(2):113-117, 2001.

Um comentário:

  1. copiei e colei esse estudo.
    http://www.centraldocerrado.org.br/categoria/frutosaí o link para ler na própria pg!

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