Wangari Maathai, uma ativista pelos direitos humanos
Sua sublime existência será lembrada eternamente nos anais da história do humanismo
Mulher, negra e africana. Só estes três pontos já seriam suficientes para fazer com que a maior parte das pessoas desacreditasse no potencial da ativista política e ambiental Wangari Maathai. Porém, ela ignorou tais pontos e seguiu em frente. Tornou-se a primeira mulher africana – e única! – a receber o Prêmio Nobel da Paz. Em 2004, sua inestimável contribuição ao desenvolvimento sustentável, democracia e paz não passou despercebida e ela foi laureada. Porém, a trajetória brilhante desta destemida combatente humanista, encerrou-se no último dia 25 de setembro, aos 71 anos, devido a complicações ocasionadas por um câncer de ovário. Wangari Maathai tinha em Daisaku Ikeda um amigo e um companheiro na luta por um mundo sustentável e livre do horror das guerras. E este, igualmente, denominou-a carinhosamente de, “mãe do ambientalismo africano”.
Nascida Wangari Muta Maathai Mary Jô, em 1º de abril de 1940, no Quênia, devido sua vivacidade e brilhantismo, cedo pode ter acesso a uma educação de qualidade, nos EUA. Mas posteriormente, fiel à promessa que fizera ainda adolescente, retornou à terra natal para fazer retribuir ao Universo e contribuir para o desenvolvimento de seu país. Foi lá que cursou o doutorado, na Universidade de Nairobi, tornando-se a primeira mulher do Quênia a receber este título.
O pioneirismo é de marca que Wangari Maathai. Na década de 1970, em um momento da história em que ninguém se preocupava com o futuro do meio ambiente do planeta, Maathai fundou o Movimento Cinturão Verde, cujo objetivo era promover o plantio de árvores com fins de reflorestamento. Sua preocupação sempre foi, em primerio lugar, a melhoraria da qualidade de vida da população de seu país, por meio da preservação do meio ambiente. Iniciou com modestas sete mudas e hoje já perfazem um impressionante número de 30 milhões de árvores plantadas por todo o Quênia e em outros vários países africanos.
Em 1986, ela recebeu o Right Livelihood Award, considerado um “Nobel Alternativo”. Foi criado em 1980 para homenagear e apoiar pessoas que "oferecem ao mundo respostas práticas e exemplares aos desafios mais urgentes que enfrentamos da atualidade”, segundo os próprios promotores do prêmio.
Maathai foi eleita para o Parlamento de seu país e tornou-se ainda ministra-assistente do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais no governo do Mwai Kibaki, de janeiro de 2003 a novembro de 2005.
O filósofo, humanista e presidente da SGI, Daisaku Ikeda costumava citá-la sempre que se referia à luta pela preservação ambiental. Em encontro ocorrido em Tóquio, em 2005, Ikeda e Maathai dialogaram sobre as questões que vinham afligindo a ambos: a urgência em se ampliarem as ações de alerta quanto a importância de proteger o meio ambiente natural.
Ikeda diz ter sido tocado profundamente pelo amplo e sincero sorriso da dra. Maathai. “Ela concebeu seu Movimento Cinturão Verde com compaixão e preocupação com o futuro de seus filhos e sua terra natal, o Quênia. Ela aplaudia as nobres mulheres comuns de seu país que participam do movimento como ‘engenheiros florestais’, sem diplomas", enfatizou. Aplaude e admira seu forte sentimento de solidariedade e abnegados esforços em prol de suas comunidades, não apenas para evitar a desertificação da África, mas também elevar a consciência quanto às questões ambientais em todo o mundo. “O serviço que prestou à humanidade e à Terra é imensamente superior a de qualquer líder governamental. Legisladores deveriam tomar nota deste fato, reconhecendo a sabedoria do espírito indomável desta grande mulher”, exorta o humanista japonês.
Maathai acreditava que plantar uma árvore é plantar vida, é promover o futuro, e por meio disso, promover também a paz. Maathai disse certa vez: "Não importa o quão desesperada a situação pareça, a luz da esperança sempre pode brilhar." Sua longa e digna existência é uma prova dessa afirmação.